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Review Wandinha

Introdução Fliperama de Verdade

O ano era 1932 e um certo cartunista norte-americano chamado Charles Addams começou a publicar tirinhas com personagens macabros e distintos que em pouco tempo (após diversas perguntas dos leitores e fãs) se revelaram pertencentes à mesma família.



Muito tempo após seu lançamento, a Família Addams alcançou outra mídia: A televisão da década de 1960, com uma série em Live-Action em preto e branco.


Abertura da Série (1964 – 1966):


Alguns anos depois, finalmente seus personagens viraram desenhos animados chegando até mesmo a participar de crossovers com a turma do Scooby-Doo e posteriormente ganhando sua própria série animada que não durou muito.



Em seguida, em 1973, houve uma tentativa fracassada de produzir um especial da Família Addams para a TV, mas a coisa não passou de um episódio piloto que jamais deslanchou.


Mais tempo passou e outros produtores de Hollywood tentaram ressuscitar a Família Addams com mais um especial. Dessa vez, fizeram algo mais apropriado, numa data mais afim. Era um especial de Halloween que chegou a reunir o elenco da primeira série ainda em preto e branco.


Anos mais tarde, já na década de 1990 (e infelizmente após a morte de seu criador), os Addams invadiram a tela grande e se tornaram um grande sucesso do cinema. Garantindo inclusive uma continuação de suas aventuras macabras enquanto conquistavam uma nova geração de espectadores.


Trailer do 1.º filme da Família Addams (1991):


Um novo desenho animado surge na TV entre 1992 e 1993. Não houveram muitos episódios produzidos, mas foi o suficiente para resgatar velhos fãs e conquistar a atenção das crianças da época.


Trailer do 2.º filme da Família Addams (1993):


Anos mais tarde, em 1998, Hollywood tentou mais uma vez trazer os Addams à luz do cinema com um elenco 100% novo e infelizmente, também não foi daquela vez que a coisa deslancharia para a família mais macabramente adorável da história da cultura pop.


No mesmo ano, uma série intitulada como “A Nova Família Addams” veio dar ao ar da graça com 65 episódios que foram ao ar entre 1998 e 1999. Mas o formato de sitcom não ajudou muito a engajar e conectar com a audiência por muito tempo.


Muito tempo depois (quase 20 anos), a família mais macabra e amada da cultura pop retorna à mídia por meio de uma animação infantil, trazendo caracterizações de personagens que lembram muito o traço original de Charles Addams. O sucesso não foi nenhum estrondo de bilheteria nem garantiu picos de audiência no streaming, mas ainda assim, a repercussão positiva garantiu uma sequência para essa animação ainda no ano passado.


Trailer da 1.ª animação da Família Addams (2019):


Trailer da 2.ª animação da Família Addams (2021):


Agora, uma nova atração “Nível Addams” chega ao grande público como uma produção original de uma das maiores plataformas de streamings do mundo. A Netflix sai na frente e resgata a Família Addams (em Live-Action) de um jeito que ainda não tinha sido explorado, já que se trata de uma Wandinha mais velha e enfrentando os problemas da vida.


Trailer da série Wandinha (2022):


Depois dessa longa contextualização e todas as tentativas hollywoodianas de exumação da Família Addams para o mundo das mídias, agora está mais do que na hora de traçarmos algumas linhas sobre o que a Galera do Fliperama de Verdade achou da série Wandinha, que (independente de nossa opinião) simplesmente dominou o ranking de atrações mais assistidas da Netflix (superando, em números, a quantidade de horas assistidas pela temporada 4 de Stranger Things).


Resumindo: Continue lendo até seus olhos secarem…


O Que é?

Wandinha é a nova série original da Netflix que chegou em novembro de 2022 surgindo como a mais recente empreitada para fazer sucesso em cima dos Addams.


Mas não estamos falando de um sucesso de audiência pautado apenas em cima do mais puro saudosismo de fã e sim de um sucesso de público e crítica em todos os aspectos possíveis (falaremos mais sobre isso).


Não é à toa que a série deixa esse objetivo claro quando se vende como uma tentativa óbvia de resgatar os fãs da velha-guarda aliando isso à necessidade de reconquista daqueles assinantes evadidos ao longo dos últimos meses (ou anos) - Mas como fazem isso?


Bem, quando o assunto orbita em torno dos Addams, que há muito tempo se consagraram como personagens ímpares da Cultura Pop, é impossível não ser afetado pela curiosidade e/ou criar qualquer tipo de linha de comparação de desempenho entre todos os atores e atrizes envolvidos, principalmente entre Jenna Ortega (2022) e Christina Ricci (1991 – 1993), já que ambas encarnaram a Wandinha (em suas respectivas épocas) e entregaram um pouco de si mesmas às peculiaridades da personagem.


Considerando tudo e levando em conta as possibilidades que a tecnologia audiovisual atual permite entregar, fazer uso de resgate de elenco antigo se transforma apenas em easter egg para fãs mais aficionados, como a participação da atriz Christina Ricci como uma das personagens centrais da série.


Já que este ponto do review traz comparações, sigamos para a questão óbvia do envelhecimento das produções anteriores e como isso afeta a série de agora. Wandinha é uma atração da Netflix que corre nos tempos atuais. Mesmo que seja totalmente fictícia (como qualquer coisa que envolva a Família Addams), a série deixa claro que existe num momento histórico repleto de tecnologia, internet e redes sociais.


Mas não se deixe enganar com isso. Não estamos vivendo uma Família Addams Cyberpunk ou qualquer coisa do tipo. Addams é Addams em todos os aspectos e caso ficasse diferente, não teria a boa recepção que teve.


Falando em recepção, acreditamos ser imprescindível avisar que Wandinha é uma série que traz os problemas familiares e adolescentes típicos de obras Hollywoodianas de internatos escolares de sempre (porém, nível Addams) por meio de uma produção que flerta com o “Terrir” tanto quanto (quase) se leva à sério, recebendo algumas gotas pontuais do bom e velho realismo (sem uso de gore ou violência gráfica exagerada).


Sinopse Oficial


Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos. Assista o quanto quiser. Tim Burton dirige esta série sombria e divertida estrelada por Jenna Ortega (Você). Dos mesmos criadores de Smallville.


Direção

Tim Burton, (4 episódios)

James Marshall, (2 episódios)

Gandja Monteiro, (2 episódios)


Elenco Principal

  • Jenna Ortega Interpretando Wednesday Addams (Wandinha);

  • Gwendoline Christie Interpretando Diretora Larissa Weem;

  • Riki Lindhome Interpretando Dra. Valerie Kinbott;

  • Jamie McShane Interpretando Xerife Donovan Galpin;

  • Hunter Doohan Interpretando Tyler Galpin;

  • Percy Hynes White Interpretando Xavier Thorpe;

  • Emma Myers Interpretando Enid Sinclair;

  • Joy Sunday Interpretando Bianca Barclay;

  • Georgie Farmer Interpretando Ajax Petropolus;

  • Christina Ricci Interpretando Marilyn Thornhill;

  • Victor Dorobantu Interpretando Thing (Mãozinha);

  • Moosa Mostafa Interpretando Eugene Otinger;

  • Iman Marson Interpretando Lucas;

  • Calum Ross Interpretando Rowan Laslow;

  • George Burcea Interpretando Lurch (Tropeço);

  • Tommie Earl Jenkins Interpretando Prefeito Noble Walker;

  • Catherine Zeta-Jones Interpretando Morticia Addams;

  • Luis Guzmán Interpretando Gomez Addams;

  • Isaac Ordonez Interpretando Pugsley Addams (Feioso);

  • Fred Armisen Interpretando Uncle Fester (Tio Chico);

Só lembrando que a nosso review traz apenas aqueles personagens que identificamos com um algum grau de importância para o desenvolvimento da história. Mas caso você tenha interesse de conhecer mais sobre a série, basta clicar na imagem abaixo e ir para a página do IMDB.


O que achamos? Com pouco spoiler

Apesar do sucesso da série no ranking da Netflix (estando em primeiro lugar durante toda a semana de estreia - inclusive enquanto esse material é escrito), Wandinha está muito longe de ser essa preciosidade ou um “must see” dentro do catálogo da plataforma, como é o caso de Arcane.

No entanto, assumimos que boa parte do sucesso da série se deva à inevitável soma de 2 fatores básicos:

  1. O envolvimento direto de Tim Burton como produtor e Diretor;

  2. Curiosidade e necessidade de comparação entre as duas personagens em Live-Action.

Tirando esses 2 pontos principais, o que a série traz de bom?


Se você não tem idéia de como responder isso, se você não liga para receber uma pequena carga de spoiler, continue com a gente mais um pouco, porque garantimos que esses choques não doem tanto assim…


Vamos começar a falar de Wandinha pelo mais óbvio e apelativo dos impactos: O visual dos personagens e é claro, a aparência do cenário escolhido para as novas aventuras dos Addams.


Acreditamos que seja impossível realizar qualquer coisa relacionada à Família Addams fugindo do tema gótico, ou deixando de utilizar veículos mortuários, casas antigas com ares sombrios, abusar de cores escuras, pouca ou nenhuma música (a menos que seja alguma coisa gótica), os famosos 2 estalos tão conhecidos pelos fãs e é claro, sem apresentar uma quantidade considerável de elementos mórbidos, perigosos e em alguns casos, absurdamente violentos, totalmente impensáveis noutras produções.


Ou seja, a produção e a direção estão de parabéns por conseguir montar perfeitamente o quebra-cabeças, inclusive realizando inserções pontuais de quebra de padrão aliando isso a elementos modernos e atuais que agregaram muito valor à obra final, ressaltando de maneira fiel (e atualizada) tudo o que a Família Addams tem de melhor (ou pior) para oferecer.


Em se tratando do Roteiro, infelizmente não temos uma primazia ou pérola incompreendida. O fato é que a série (de modo geral) paga um preço alto pela atualização e “inovação de cenário” quando decide jogar a audiência dentro de um ambiente escolar especial cujo roteiro faz questão de lembrar diversas vezes por episódio que o lugar é uma instituição de ensino voltada a jovens excluídos, desajustados, filhos de monstros e etc. Ou seja, uma escola fora de qualquer padrão normal que leva a audiência a disparar mais 2 gatilhos de de curiosidade envolvendo contemplação e comparação:

  1. O primeiro gatilho surge em relação à comparação (ou uma quase confusão) entre a casa da Família Addams e o prédio onde se localiza a Academia Nunca Mais, já que ambas construções são muito parecidas (visualmente falando).

  2. O segundo gatilho dispara justamente quando entendemos que a maior parte da série se passa dentro de uma escola (ou ligada ao ano letivo), no caso, é quase inevitável lembrar de outra escola famosa da Cultura Pop que também abriga jovens distintos, que precisam se esconder da humanidade trouxa. Se por acaso não ficou claro, estamos falando de Hogwarts, a saudosa escola de bruxos da saga de Harry Potter.

Outro ponto do roteiro que simplesmente cravou um marco na história da Família Addams diz respeito justamente à alteração da idade dos personagens. Sim! Agora, com o sucesso da série, fica um pouco complicado fazer outras produções com as crianças (Wednesday e Pugsley) mais jovens como antigamente.


Ainda sobre a questão da idade das crianças, temos uma situação problemática que surge da inversão deliberada entre suas idades. Como assim? Simples! Na série, Wandinha é aparentemente mais velha que seu irmão. Que por sua vez, é apresentado como apático, chorão e muito aquém do psicopata mirim que sempre foi em todas as outras adaptações audiovisuais. Isso incomoda consideravelmente o espectador que conhece um pouco do assunto Família Addams, vendo que a série contradiz as palavras do próprio autor quando se refere ao menino:


An energetic monster of a boy…blond red hair, popped blue eyes and a dedicated troublemaker, in other words, the kid next door…genius in his own way, he makes toy guillotines, full size racks, threatens to poison his sister, can turn himself into a Mr. Hyde with an ordinary chemical set…his voice is hoarse…is sometimes allowed an occasional cigar. — Charles Addams

Em tradução livre seria: Um menino enérgico e monstruoso… De cabelos meio loiros e/ou ruivos, com olhos azuis esbugalhados e um encrenqueiro de mão cheia. Ou seja, o pestinha da casa ao lado… Pugsley é gênio à sua maneira, daqueles que faz guilhotinas de brinquedo em tamanho real, ameaça envenenar a irmã e pode transformar-se em um Mr. Hyde com um conjunto químico comum... Sua voz é rouca e às vezes ainda é visto fumando um charuto ocasional.

No entanto, o “nerf” que afetou o Feioso, não afeta em nada a Wandinha. A personagem se revela ainda mais mortal e sagaz do que nunca, com uma personalidade que ilustra perfeitamente a expressão: Mal necessário.


Voltando o foco para a família em si, a série entrega uma Família Addams menos carismática do que poderia ser, com apenas 2 personagens respeitando fidedignamente o conceito básico da ideia original de Charles Addams: O mordomo Tropeço (Lurch) e a infame Mãozinha (Thing).


Para finalizar a análise dessa obra de arte de Tim Burton, encerramos dizendo que houveram mais acertos do que erros e a direção conseguiu manter muito de tudo aquilo que qualquer atração envolvendo o nome da Família Addams deveria evocar. Trazendo um leque amplo de violência, maluquices sobrenaturais, coisas mórbidas, monstros, clima gótico de suspense e muitas cenas engraçadas que consolidam a opinião da galera do Fliperama de Verdade em dizer que a série…

 

Ah!... Acabamos atrasando um pouco para liberar esse review e uma coisa muito legal acabou de acontecer! A Netflix soltou um vídeo de agradecimento e "aviso" de que a série Wandinha foi renovada para a temporada 2 - mas não tem nenhuma informação de data:


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Para os interessados de plantão, a Equipe Fliperama de Verdade e convidados, gravamos um podcast sobre outra animação que está fazendo muitos fãs ficarem extasiados com uma produção de alta qualidade. Estamos falando de Castlevania produzido pelo Netflix:


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