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Review Samurai de Olhos Azuis (Spoiler)

Atualizado: 19 de abr.

Aviso MEGA importante!

Você já assistiu à série? Se você ainda não assistiu, pare de ler o review imediatamente! Isso mesmo. Estamos dizendo para você não ler as próximas linhas.

(a não ser que não ligue para possíveis e prováveis spoilers)


Nossa dica é: Assista pelo menos o episódio 1 e volte aqui para continuar lendo.

Acredite! A série está digna do trailer abaixo:


Observações e Tecnicidades

Vamos ao review de Blue Eye Samurai ou como ficou conhecido nas terras tupiniquins: Samurai de Olhos Azuis (para nós, para facilitar a redação, SdOA).


Antes de qualquer coisa, precisamos reiterar o aviso que essa animação traz um selo +18 que DEVE ser respeitado, já que a atração vem carregada de cenas, situações e diálogos plenamente condizentes com essa classificação indicativa, incluindo uma quantidade considerável de nudez frontal.



Lembrando que SdOA é um produto original Netflix e vem sendo disponibilizado no Brasil desde 3 de novembro de 2023, já quase no apagar das luzes do ano passado, ainda assim, conseguiu conquistar seu espaço sob os holofotes da prateleira dos Mais assistidos da Netflix por algum tempo. Nem precisamos dizer que esse sucesso repentino deve-se à altíssima qualidade de seu conteúdo, né? Já que a série traz deleites visuais regados a uma coletânea de sons que devem ser apreciados (se possível) com um fone de alta qualidade. Com relação aos quesitos de roteiro, andamento da história, desenvolvimento dos personagens e amarração dos episódios, ousamos dizer que DESSA VEZ dá pra acreditar na avaliação do Rotten Tomatoes de olhos fechados: 100% / 96% (valores apresentados quando esse review foi escrito).


SdOA é uma obra diferente da maioria do catálogo da Netflix, já que é visível que a gigante do streaming não poupou recursos para o desenvolvimento desse projeto. Investindo pesado na roteirização, pesquisa, captação de movimentos, arte, direção e é claro, um elenco de dublagem basicamente oriental. Mas antes que perguntem, já adiantamos que INFELIZMENTE, apesar da obra ser uma ficção que retrata um período da história do Japão e a dublagem BR estar excelente, a série não foi disponibilizada para o Brasil com a faixa de áudio em Japonês.


Ah! Já estávamos esquecendo de linkar a página do IMDB da série para quem quiser mais informações técnicas a respeito de SdOA.



Áudio:

Em se tratando da sonorização, dublagem e músicas presentes na série, podemos dizer sem medo de errar que a Netflix (mais uma vez) acerta em cheio tanto na quantidade, quanto na qualidade e principalmente na intensidade daquilo que ouvimos ao longo dos 8 episódios de mais ou menos 45 minutos, sendo que o primeiro de 62 minutos.


Caso tenha interesse de saber do que estamos falando, abaixo indicamos um link para acessar a playlist da OST da série no Spotify:



Vale um super destaque à música do trailer, que está empolgante! Sendo só um maravilhoso cover de For Whom the Bell Tolls do Metallica cantado em Japonês pela artista Emi Meyer:


Pano de fundo:

Agora, falando mais especificamente da atração em si, já começamos com a necessidade de contextualizar basicamente o espectador a respeito de alguns aspectos, como o período histórico retratado pela animação e o porquê de algumas coisas.



O cenário não tem como não ser o Japão do século XVII (17), mais precisamente o período Edo, também conhecido como a era Tokugawa, sendo governado por esse clã desde março de 1603 até maio de 1868 (segundo registros históricos).


Nessa época, a Terra do Sol Nascente havia se isolado do mundo exterior de tal forma que absolutamente tudo que não fosse de origem japonesa era considerado como impuro, indigno e fosse o que fosse, certamente seria extirpado da existência e apagado da história. Por outro lado, foi um período em que muito se valorizou artes como o teatro kabuki, a pintura em madeira, chá, escrita e educação clássica.


Ukiyo:

Entre as artes visuais daquele período, o que mais se destacou no ocidente é sem sombra de dúvidas o Ukiyo: Um tipo de pintura baseada em xilogravura.


Esse tipo de arte foi comumente aplicado a tecidos, roupas, painéis, livros e etc., se popularizado rapidamente por todo o Japão, já que poderia ser feito em larga escala (se comparado ao modo tradicional de pintura feita por pincél). O Ukiyo envolvia diversos aspectos da produção, sendo desenhado, depois entalhado, depois pintado, vendido, transportado e por fim, consumido por seus compradores e colecionadores.


Um tipo de movimento artístico tipicamente japonês que sempre trazia temas corriqueiros como beleza feminina, teatro kabuki, lutadores de sumô e/ou samurais e é claro, cenas históricas, lendas populares, paisagens distintas, fauna fantástica, flora exuberante e acreditem se quiser, até mesmo pornografia.


Mas por que o Fliperama de Verdade está dedicando essas linhas ao Ukiyo? A resposta é óbvia e simples: Esse tipo de arte está presente em praticamente toda a animação, sendo uma característica tão bela e marcante que arriscamos dizer que é responsável por 90% do impacto visual de tudo o que acontece na série.



Impressões e Veredito:

Depois de algum tempo sem conseguir encontrar atrações que justifiquem o valor da assinatura, finalmente a Netflix apresenta uma produção original que vem entregar ao espectador uma experiência audiovisual digna dos maiores filmes de samurai já feitos, porém com uma cara moderna e um andamento adequado à velocidade de consumo de conteúdo na qual a sociedade está imersa.


Mas porque assistir SOA quando estamos imersos numa inundação de animes e produções japonesas que tratam dos mais diversos assuntos, inclusive a vida e as aventuras de samurais? Primeiro porque não se trata de um anime! Depois porque é uma animação ocidental contando uma história enraizada no Japão, que foi desenvolvida por um estúdio francês chamado Blue Spirit Animation.


Fica a dica para assistir aos vídeos do making off da série!



Voltando ao assunto, Samurai de Olhos Azuis se apresenta como um produto totalmente inadequado ao público infantil ou mesmo mais jovem. Traz uma carga pesada de elementos japoneses clássicos que batem de frente com quase tudo o que a Netflix vem distribuindo, já que revela uma terra hostil a forasteiros, onde as mulheres eram oprimidas e a honra dos homens era lavada com sangue por menor que fosse a ofensa recebida.


Juntando isso à premissa de vingança, temos um samurai ao estilo lobo solitário, movido praticamente pelo ódio que se vê “rapidamente” quebrado pelo desenrolar dos eventos do primeiro episódio.


Nesse momento, o espectador é nocauteado por um golpe baixo sendo instigado pela curiosidade e obrigado (quase moralmente) a continuar assistindo episódio a episódio até o final, apenas para descobrir que terá que aguardar a próxima temporada para começar a amarrar as pontas soltas (que são poucas, já que a trama é bem linear).


Parece banal, óbvio e até mesmo bobo, mas é exatamente assim que uma boa série deve ser. Deve seguir a receita de apresentar a situação, os personagens, criar uma interação, engajamento, contar a história, apresentar desfechos e concluir a história de modo satisfatório ou não, mas de acordo com o desenrolar dos fatos.


Essa velha receita funciona para quase toda história, inclusive as de vingança! Uma história de vingança bem contada sempre prende o espectador até a conclusão da vendetta, certo?



Pois bem, é exatamente isso que fará você assistir ao SdOA. Querendo evitar o lugar comum, mas sendo quase impossível fazê-lo, precisamos ressaltar a beleza da animação de uma forma compreensível. Para isso, afirmamos que, mais ou menos a cada 10 minutos de série, temos momentos em que um “pause” significa um novo wallpaper no seu computador (confia)!


Quanto à enxurrada de referências artísticas, históricas e peculiaridades japonesas presentes na série, a mais consistente é sem dúvida a fidelidade ao padrão artístico Ukiyo encaixado perfeitamente em todo o audiovisual entregue desde o primeiro episódio, que funciona como um piloto, trazendo um leque de elementos que erguem e sustentam eficientemente conflitos raciais, sexistas xenófobos e outros (mas do modo certo). Ou seja, prendendo o espectador não pela agenda ideológica (que sim, está presente como em toda atração recente da Netflix), mas pelo resultado da mais pura relação matemática de causa e efeito. O enredo se mantém coerente e contagiante a ponto de fazer qualquer espectador torcer para que haja a desejada quebra do velho sistema.


Por fim e não menos importante, SdOA traz uma coletânea de personagens consistentes e coerentes com a proposta da atração. Dedica tempo ao desenvolvimento de cada coadjuvante, mas não tempo demais. Relaciona cada um deles a um ponto da vida do protagonista, permitindo que o espectador se importe com o destino de cada um deles - já fica o aviso que um dos melhores personagens é o Ringo (vocês entenderão).



Sendo assim, como há muito tempo não acontecia, o Fliperama de Verdade considera que Samurai de Olhos Azuis é uma série que, apesar de não ser perfeita, ainda assim...



Gostou dessa matéria e quer mais? Continue acompanhando o Fliperama de Verdade no site e nas nossas redes sociais @fliperamadv.


Para os interessados de plantão, a Equipe Fliperama de Verdade e convidados, gravamos um podcast sobre outra animação que está fazendo muitos fãs ficarem extasiados com uma produção de alta qualidade. Estamos falando de Castlevania produzido pelo Netflix:


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