The Witcher: Sereias das Profundezas – Uma Análise com Sal e Pimenta

Trailer do longa animado:
Por onde começar a falar de The Witcher: Sereias das Profundezas?
Essa nova obra da Netflix tenta (e em partes consegue) expandir o universo de The Witcher, mas será que ela honra o legado dos livros de Andrzej Sapkowski? Ou estamos diante de mais um exemplo de como a gigante do streaming insiste em transformar ouro em... bem, algo menos brilhante?
Se você está aqui lendo isso, provavelmente já sabe que The Witcher não é apenas uma série ou jogo. É um universo vasto, complexo e cheio de nuances criado por um polonês chamado Andrzej Sapkowski. E se você ainda não conhece esse universo, prepare-se, porque essa animação pode ser sua porta de entrada. Mas cuidado: se você for um fã hardcore, talvez precise segurar a respiração (ou xingar um pouco).
Caso tenha interesse...
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Sinopse Oficial e Primeiras Impressões
Vamos começar pelo básico, né? A sinopse oficial diz o seguinte:
Contratado para investigar ataques em uma vila costeira, Geralt, o caçador de monstros mutante, desvenda um conflito ancestral entre humanos e povo do mar que ameaça desencadear uma guerra entre reinos.
No papel, parece interessante, certo? Mas quem já mergulhou no universo de Sapkowski sabe que as coisas nunca são tão superficiais quanto parecem. E, infelizmente, essa animação não escapa dessa máxima. O que temos aqui é uma versão diluída e cheia de "ajustes criativos" desnecessários que distanciam ainda mais os fãs hardcore do material original.

Se você ainda está disposto a embarcar nessa jornada depois dessa paulada inicial, então chega junto! A batalha será longa, mas prometo que vale a pena entender por que essa adaptação divide opiniões.
O Material Original: Um Pequeno Sacrifício
Antes de detonar a adaptação, vamos dar crédito onde é devido. O conto original, Um Pequeno Sacrifício, faz parte do livro A Espada do Destino, escrito pelo polonês Andrzej Sapkowski. Para quem não sabe, Sapkowski é o gênio criativo por trás de Geralt de Rívia, o Bruxo protagonista desse universo que já conquistou milhões de fãs através de livros, jogos (The Witcher III: Wild Hunt é praticamente uma obra-prima), RPGs de mesa, card games e até séries de TV.
No conto, acompanhamos várias camadas narrativas: a amizade entre Geralt e Jaskier (ou Dandelion, se preferir o nome original), a relação complicada entre Geralt e Yennefer, e uma nova conexão entre Geralt e Essi Daven, uma barda amiga de Jaskier. Além disso, há um romance entre um príncipe humano e uma sereia chamada Sh'eenaz, que serve de base para um conflito maior entre humanos e sereianos.
Aqui, Sapkowski brinca com elementos folclóricos e literários, como a história de A Pequena Sereia. No entanto, ele dá um toque sombrio e maduro à narrativa, explorando temas como destino, amor, perda e identidade. Imagine uma versão dark e adulta da clássica história da Disney, onde ninguém sai ileso e o final feliz é, na verdade, um soco no estômago.
Geralt, como sempre, está no centro de tudo. Ele é contratado para investigar ataques misteriosos em uma vila costeira. Ao chegar lá, descobre que o problema vai muito além de monstros marinhos. Há intrigas políticas, preconceitos culturais e, claro, um romance impossível entre humanos e sereianos. Durante a trama, Geralt reflete sobre sua própria vida, especialmente sobre seu relacionamento complicado com Yennefer. Ele enxerga paralelos entre sua história e a de Sh'eenaz, o que o leva a questionar suas próprias escolhas.
E então vem o golpe final. O desfecho do conto é uma verdadeira porrada emocional. Sapkowski usa essa história para mostrar que, às vezes, o mal não é apenas externo. Muitas vezes, ele está dentro de nós mesmos. No fim, o leitor leva um soco no estômago e um chute na cara com o destino de Essi, deixando claro por que o título do conto é tão significativo.
O Material Adaptado: Onde Tudo Desanda
Agora, vamos ao ponto principal: a adaptação da Netflix. Como era de se esperar, o roteiro segue o velho padrão de "desviar do original". Resumindo: não é tão ruim quanto os fiascos em live-action, mas também não chega aos pés da animação anterior, Nightmare of the Wolf.
Trailer do longa animado:
Os problemas começam logo no início. O roteiro joga fora todo o belíssimo trabalho de Sapkowski em construir personagens complexos como Essi, Agloval e Sh'eenaz. Em vez disso, foca em cenas aleatórias de Jaskier criança (por quê???), transforma a relação entre Geralt e Essi em um "casinho qualquer" sem profundidade e coloca toda a ênfase na "quase guerra" entre humanos e sereianos.
E não para por aí. A adaptação plágio-descarado-style de A Pequena Sereia é tão óbvia que chega a ser risível. Sério, só faltou colocarem as mesmas músicas da Disney no fundo!
Por fim, o ápice reflexivo do conto original vai direto para o ralo. O aprendizado de Geralt sobre si mesmo e sua relação com Yennefer é completamente descartado. Jaskier, que deveria ser um personagem carismático e importante, é reduzido a um alívio cômico irritante, tipo o Burro do Shrek. E o final? Bem, digamos que o "shoryuken emocional" que Sapkowski dá no leitor no conto original foi substituído por um tapinha nas costas meio sem graça.
Tecnicidades: O Que Funciona?
Apesar de todos os problemas no roteiro, é impossível negar que o Studio Mir fez um trabalho visual impecável. A animação é fluida, os cenários são detalhados e a direção de arte é caprichada. Tanto que, a cena em que Geralt enfrenta uma criatura marinha gigantesca, por exemplo, é de tirar o fôlego. A velocidade dos movimentos, o peso do monstro, as cores vibrantes, o contraste constante, tudo contribui para a criar um peso cinematográfico digno das grandes animações da atualidade.
Ponto para a dublagem brasileira! Isso mesmo… Especialmente porque traz de volta a voz “oficial” de Geralt de Rívia diretamente de The Witcher III: Wild Hunt. Isso, sim, é um presente para os fãs! Além disso, boa parte das músicas é cativante, combinando perfeitamente com o tom da história.
Como é de tradição dos reviews aqui do Fliperama de Verdade, vamos deixar um link para a página do IMDB, onde você pode consultar todas as informações sobre a equipe técnica por trás desse longa animado.
Link para a trilha sonora no Spotify:

Conclusão: Netflix, Você Consegue Fazer Melhor!
Não é de hoje que a Netflix oscila entre acertos e erros nas adaptações de obras literárias. Enquanto Nightmare of the Wolf foi um acerto, Blood Origin foi um desastre total. Sereias das Profundezas fica em um limbo intermediário: não é ruim o suficiente para ser esquecido, mas também não é bom o suficiente para entrar para a lista de favoritos dos fãs.
Se você quer realmente entender o universo de The Witcher, vá direto para os livros ou os jogos. Mas se quiser apenas uma animação bem-feita para passar o tempo, essa pode ser uma boa pedida.
Veredito Final: Vale a Pena?
Aqui vai um veredito duplo, porque a coisa é complicada:
- Se você é fã dos livros/jogos: Prepare-se para se incomodar bastante. Muitos momentos cruciais do conto original foram descartados ou alterados de forma questionável.
Por isso, dizemos que vale 3 fichas.
Link para o Rotten Tomatoes:
- Se você é apenas um espectador casual: A animação é divertida, visualmente impressionante e funciona bem como uma história independente.
Por isso, dizemos que vale 4 fichas.
Então, como somos fãs, vamos ficar com uma média tão questionável quanto a maioria das adaptações implementadas a este conto! Portanto, podemos assumir que, graças à qualidade da animação do Studio Mir, que puxou a nota para cima, The Witcher: Sereias das Profundezas.

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